Ao entrar neste 50, leitor(a), deixe de fora toda a
desesperança. Aqui a existência é trabalhada no contraste da duração e da
urgência. 50 recolhe as máquinas de moer carma do poeta, inabaladas pelo
tempo. Reunir poemas no meio do caminho da vida é a possibilidade de perguntar:
que poeta sou?, minha poesia o que é? Entregar-se a um poeta é sempre uma
experiência não-parafraseável. Julio reúne o tempo, sendo tanto “o menos morto
dos mortais” quanto o que sabe que “no underground/sempre há/um degrau/a mais”.
Duração e urgência. Um poeta visionário, herdeiro dos Rimbauds e beatniks,
claro, age sempre na escuridão, não por perdido mas por perdição. A urgência:
“O amanhã é fábula/pressinta o presente sentido”, “uma noite que vença a vida”.
A duração: “E nunca de fato/ter o tempo segurado/Umas vezes ele me prendia/nas
outras me degolava”. Julio recolhe os paradoxos do tempo, religando-os em sua
própria máquina do mundo, gritando a dor social e falando calado ao coração. Ao
entrar neste 50, leitor(a), veja como os poemas longos exercitam o tempo
transcorrido, como duram. E veja também como há uma voz atrás deles, num poeta
de tigres embriagados, dilacerado pelos dias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário